Q: Bom começo para o torneio?
Maria Sharapova: Sim.
Q: Foi um encontro longo e duro?
MS: Sim. Não tinha jogado há um tempo, e no primeiro set, senti dificuldades em certos pontos, no inicio. Quase que estava um pouco confusa, se devia ser mais paciente ou avançar mais.
Assim que comecei a jogar mais, comecei a ter uma melhor percepção do jogo dela e da forma como eu estava a jogar.
Tu sabes, eu recuperei no primeiro set e fiz um bom trabalho, fui realmente agressiva até ao fim do set.
No segundo set, tive as minhas oportunidades de ganhar o encontro. Talvez tenha arriscado em demasia.
Ela defendeu-se muito bem durante todo o encontro e fez-me sempre jogar mais uma bola.
Ultrapassei isso no terceiro set. Por isso foi um encontro longo com muitos jogos, mas acho que foi bom para mim.
Q: Então no terceiro set, tu sentiste que sabias o que fazer com a bola, e o que tinhas que fazer para fechar o encontro?
MS: Sim, comecei a perceber. Depois de estares duas horas no campo, tu entendes o que a tua adversária está a fazer e os pontos fortes dela. Eu achei que ela jogava com inteligência. Ela tinha uma táctica em mente.
Sim, provavelmente há cinco anos atrás se eu jogasse contra alguém como ela, eu iria dar tudo por tudo, mas não iria ser paciente.
Mas tu tens que ser -- é um equilíbrio interessante entre ser paciente mas também jogar o teu jogo e ser agressivo e tentar terminar os pontos perto da rede.
Q: Sentiste-te enferrujada? Não tinhas jogado há um tempo.
MS: Sim, nas últimas semanas estava mesmo impaciente para jogar. Eu tive uma longa fora de época, joguei poucos torneios e o de Austrália foi o meu último. Foi um tempo, e foi triste que eu não pudesse jogar estes últimos dois ou três começando em Paris.
Eu estive lá, mas fiquei doente, e viajei para casa. Isso exigiu muito de mim, e é assim...
Mas como eu disse, tu tens que deixar a ferrugem quer seja num jogo longo ou num rápido.
Q: O que sentes neste momento da tua carreira? É como um trabalho e uma ocupação em qualquer maneira, ou ainda há uma grande alegria e frescura? Como descreverias os teus sentimentos ao longo de um encontro?
MS: Acho que é muito difícil ir para um campo de ténis a pensar que é uma ocupação. É muito dificil, porque tu tens, obviamente, que trabalhar em muitas coisas no teu jogo, e passar por outras coisas, tu sabes, fora do court.
Como eu tenho dito, eu tenho um novo treinador e uma nova raquete. Por isso estou a trabalhar nessas coisas e a tentar construir. Todos os dias vou para o court e tem sido realmente -- eu gosto da ética de trabalho que o Thomas trouxe. Funciona em muitas áreas do meu jogo, e é tudo diferente quando vou para um encontro.
Foi isso que eu não tive por muitos meses, e só espero que eu consiga jogar muitos encontros.
Q: Eu sei que desenvolveste muita paciência depois da cirurgia ao teu ombro, porque tinhas que estar fora. Mas quando tu ficaste doente na Fed Cup, voltaste para o avião e percebeste que não podias jogar Paris, Dubai, ou Doha, disseste, Oh meu Deus, não acredito que estou a passar por isto outra vez?
MS: Sim, isso foi uma chatice, mas eu estava -- eu sabia que isso ia acontecer, porque quando se vai para um país em que 50% da população está doente e eles dizem para não se usar transportes públicos ou não ir a lado nenhum, tu estás a jogar num estádio, com centenas de pessoas, e no dia seguinte, estás lá sentado por 7 horas, há uma grande probabilidade de tu ficares doente.
Eu tive muito mal. Sim, estive fora por umas semanas.
Q: Uma das melhores coisas no ténis é que temos todos estes ciclos. Nós voltamos sempre aqui, ou a Paris ou a Londres. Mas nesta semana tu foste a Eugene. Consegues descrever como é que foi jogar em frente daquele público?
MS: Sim, muito energético, esteve muito vivo. E começou logo na introdução. Eu não sei se tu viste algo do evento, mas nós entrámos no court descendo umas escadas. E todo o interior estava escuro e apenas tu estás a descer as escadas sozinho durante a introdução, sentes-te como uma estrela de rock.
Eu disse à Victoria que me senti como se estivesse a abrir um concerto dos U2 a jogar antes do Roger e do Rafa. Eu estava como os Blackeyed Peas. (risos). Foi realmente divertido.
Eu aproveitei toda a experiência, e tenho estado com a Nike há tantos anos. Sinto-me como se fosse da família desde que era mais nova quando eles nem faziam roupa para o meu tamanho e nunca tiveram uma linha júnior e sempre senti que tinha que vestir coisas com o dobro do meu tamanho e tinha que arregaçar as minhas saias.
Mas apenas estar lá e ver o Phil e saber que o evento foi algo muito importante para o filho dele, e sabendo o quanto ele estava envolvido no universo do desporto. Não há muitas pessoas envolvidas.
Q: Que tipo de homem é?
MS: Ele é muito descontraído. Eu e o Max, o meu agente estávamos a viajar de volta e estivemos a falar como é incrível. Este homem começou por uma coisa tão pequena e desenvolveu algo tão incrível. E para ser sincera, acho que ele não sabe que é um génio.
Acho que a melhor parte é que ele dedica-se realmente. Ele era apenas -- ele estava realmente agradecido e feliz que nós estivéssemos lá. Ele divertiu-se, pelo menos pareceu. Ele riu-se e tinha a família lá, por isso...
Q: Tens que mostrar a ti própria, digamos que nos próximos meses, Não vou além da chave nem nada como isso, Sim, estou concentrada no meu trabalho, tenho uma nova raquete, novo treinador, ainda consigo produzir bons resultados e bom ténis?
MS: Bem, eu sei que consigo produzir bons resultados. Eu não estaria aqui. Não estaria no court. Não estaria a treinar. Não estaria a tentar.
Mas eu sou bastante realista em relação ao conhecimento de que não vim para aqui ao acaso, e de repente, sinto que tudo está bem e estou a ganhar encontros facilmente, que eu não vou andar aos soluços em nenhum jogo e que não vou passar por adversários difíceis.
Não é real e eu sei que vou ter que enfrentar -- tenho que perder alguns encontros para poder voltar. A única coisa que realmente quero é consistência, estar saudável, mas também estar apta para jogar muito.
Tu sabes, eu sinto realmente a falta disso. Tenho saudades de competir. Tenho saudades dos encontros, sim.
Q: Há esta curiosa esquisitice sobre as jogadoras da WTA e os jogadores da NBA, relativamente a New Jersey. Conheceste o proprietário dos Nets?
MS: Não, não conheci.
Q: Estás noiva agora. Como é que estás a equilibrar o ténis com a vertigem de ser uma rapariga e estar feliz e apaixonada?
MS: Tal como disseste, é um equilíbrio. É uma parte emocionante da minha vida, porque eu sou jovem e o meu noivo é novo ainda, e eu sinto que nós ainda temos muitos anos pela frente, nas nossas carreiras. Ele no basquetebol provavelmente mais do que eu no ténis. Ele assusta-me um pouco. Ele ama o desporto. Ele nunca quer parar. Na verdade ele está-me a assustar um bocadinho.
Sim, é maravilhoso saber que nos temos um ao outro, no final do dia, mesmo que nós estejamos a viajar. É difícil estarmos longe um do outro, não há dúvida.
Mas, sim, quando a época dele terminar, ele vai-me apoiar, e eu tento ir lá sempre que seja possível. Nós tentamos alargar o tempo. Sim, nós temos muitos anos para passar juntos. Nós estamos na mesma cidade mais do que uma semana.
Q: Se eu pudesse perguntar, já viste muitos aros até agora. Como é que comparas o atletismo...
MS: Eu sei tudo sobre o que passa na liga. Se tu queres um nome de utilizador, senha, eu tenho isso tudo. Eu tenho-te ligado desde Hong Kong, desde os EU, em qualquer lugar.
Q: Mas como é que comparas o atletismo do basquetebol, que é incrível, com o do nosso desporto, que também é incrível? Consegues compará-lo de alguma forma, os dois desportos?
MS: É um bocado diferente já que o ténis é um desporto individual e os basquetebol é um desporto de equipa. Eu sinto uma pequena diferença quando jogo na Fed Cup.
Mas é diferente, pode-se estar a ter a melhor noite da nossa vida, mas pode-se a acabar por perder e tem-se várias emoções em que não se tem a certeza de como se sentir. Tu jogaste bem mas a tua equipa perdeu. Ou vice-versa. A tua equipa ganhou mas tu não jogaste muito bem.
Mas é um equilíbrio emocionante, obviamente. Eu tenho sido capaz de ser afectiva em relação a isso e aprendi muito sobre isso, e é divertido.
Q: Quanto difícil é a troca, quando ouviste sobre isso...
MS: Eu estava tão feliz.
Q: Porque eu sei que é uma grande oportunidade para ele, para ter muitos minutos para jogar, mas ele estava em LA e agora está em New Jersey.
MS: Para ser sincera, nós passámos uns dias em que não nos podíamos ver um ao outro, mas vale muito mais a pena, já que ele está a jogar e toda a organização tem sido óptima para ele.
Ele gosta de todos os colegas de equipa que jogam com ele. Sim, ele é uma criança feliz. É bom de ver. Não importa como eles estão a jogar, parece que eles estão juntos e a tentar por as coisas a funcionar, a jogar como uma equipa.
Mas sim, eu estava realmente feliz, porque, ele no fundo, queria aquilo também. Ele queria a oportunidade de jogar muito.